23.10.09

Tamara Lempicka

"Para aqueles que, como eu, vivem à margem da sociedade,
as regras habituais não têm qualquer valor."




Auto-portait, Tamana in the Green Bugatti, 1925

Young Girl With Gloves, 1929

Le Turban Vert, 1930

Androméde, 1929

Dormeuss, 1930

Femme à la Comombe, 1929-1930

En plein été, 1928

La Belle Rafaela, 1927

Tunique Rose, 1927



Femme fatale, emancipada e escandalosa, Tamara de Lempicka foi uma brilhante pintora art déco polaca do século XX.

Tamara ou Maria Gurwik-Górska nasceu em Varsóvia a 16 de maio de 1898 (alguns biógrafos defendem que tenha nascido na Rússia), numa família abastada. O seu pai era um advogado e sua mãe uma socialite. O casamento dos pais era conflituoso e logo surgiu o divórcio. Maria foi colocada num colégio interno em Lausana (Suíça) e cresceu mimada pela sua avó Clementine, uma senhora abastada que elevava a auto-estima da pequena Maria, tornando-a numa menina excepcional.

Após a morte de Clementine, Maria muda-se para a casa de uma tia em São Peterburgo onde, num baile de máscaras, conhece o nobre advogado polaco (e o solteiro mais cobiçado) Tadeusz Łempicki, com quem casa em 1916. Quatro anos mais tarde, nasce a sua filha Kizette.

Durante a Revolução Russa, em 1917, Tadeusz é preso pelos bolcheviques, mas - com intervenção da jovem esposa - foi libertado pouco tempo depois. Após este episódio o casal muda-se para Paris, onde Maria adopta o nome "Tamara de Lempicka" e , em 1918, vai estudar Pintura na Académie de La Grand Chaumiére, tornando-se discípula de Maurice Denis e André Lhote. Do primeiro, herdará o poder das cores e do segundo, o desenho geométrico e a forma de decompor os volumes.

Com um talento natural, progrediu rapidamente e, por volta de 1923, já expunha seu trabalho em importantes galerias. A sua primeira grande exposição teve lugar em Milão em 1925, tendo pintado 28 novas obras em seis meses. Rapidamente tornou-se uma das mais importantes artistas de sua geração, pintando membros da nobreza europeia e socialites.

Tamara desenvolveu um estilo único e ousado (definido por alguns como "cubismo suave"), que resumia os ideias do modernismo de vanguarda da art déco. Os volumes agigantados, a atenção aos detalhes, o delineamento simples, o gélido glamour e a forte sensualidade marcaram desde o início o seu estilo inconfundível. Pelo pincel da artista, a forma humana ganha qualidades de escultura e uma textura quase metálica. As figuras dominam os quadros, apresentadas em poses altamente calculadas, iluminadas de maneira dramática e com ares de tédio profundo. Profundamente fascinada pelas formas femininas, a mulher de Tamara aparece ora ultrafeminina, ora masculinizada, mas sempre forte.

Tamara foi igualmente uma notável figura da boémia parisiense, tendo conhecido nomes como Pablo Picasso e Jean Cocteau. Famosa por sua beleza física, era abertamente bissexual e seus casos com homens e mulheres causavam escândalo na época. Na década de 1920, foi associada intimamente a mulheres lésbicas e bissexuais em círculos de artistas e escritores, como Violet Trefusis, Vita Sackville-West e Colette. O seu marido, chocado com o seu comportamento, abandonou-a em 1927, e o divórcio efectivou-se no ano seguinte.

Obcecada pelo seu trabalho e vida social, Tamara não negligenciou apenas seu marido, mas raramente via sua filha Kizette, com a qual tinha uma relação muito conflituosa. Porém, é a filha que serve de musa inspiradora, já que as mulheres retratadas tendem a parecer-se com Kizette.

Depois do divórcio, Tamara vive a vida que sempre quis. O seu trabalho é cada vez mais valorizado e os jornais dedicam-lhe extensos artigos. A sua casa-estúdio parisiense, decorada pela irmã arquitecta, torna-se um verdadeiro exemplo de modernidade e elegância. O seu sucesso é tão grande que a empresa de cosmética Revlon lhe dedica uma marca de batom.

Em 1933, casa-se com o Barão Raoul Kuffner, que tinha sido o seu mecenas, e em 1939, muda-se para Beverly Hills, Califórnia. Esta mudança deve-se ao facto da pintora ter entrado num estado depressivo causado pela ausência de criatividade.

Em 1941, após conseguir retirar Kizette de Paris ocupada pelos nazistas, organiza em Nova Iorque uma mostra focada em temas religiosos e nas pessoas comuns. Mas esta mostra é um fracasso e mal apreciada pela crítica. Em 1943, muda-se para esta cidade e tenta novos caminhos através do abstraccionismo e da pintura a espátula, técnica que adopta nos anos 60. Mas a crítica foi igualmente destrutiva.

Após a morte do marido, em 1962, Tamara pára de pintar e muda-se primeiro para Houston, Texas e, em 1978, para Cuernavaca, México, onde viria a falecer no dia 18 de Março de 1980. As suas cinzas foram espalhadas pela filha Kizette e pelo Conde Giovanni, sobre o vulcão Popocatepetl.


Fonte: Women in Art

7 comentários:

Mel disse...

Fantástica história.
*****

Dalva Nascimento disse...

Lindas!

Bjs.

Leonor disse...

Imensamente femininos!

mfc disse...

Gosto desta arte datada.
Fez-me lembrar um pouco a pintura da Frida Calo.

the bloom girl disse...

Uau.Belas são as imagens do teu mundo.

Rachelet disse...

Ah, a Tamara, esse talento quase esquecido que descobri pela 1.ª vez quando acabava a faculdade. Ficou-me desde aí o fascínio pelo modo como ela retratava o corpo.

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Muito interessante e atraente teu blog, foi um prazer passear por aqui! Beijos pintados.

Creative Commons License
Este blogue está licenciado sob a Licença Creative Commons .
. . . . .