30.9.09

Gertrude Käsebier


"Silhouette", 1915


"Silhouette Portrait of a Boy in Profile", 1905


"The Red Man", 1903

"Sioux Indian", 1839


”Rose O'Neill”, 1907


"Yoked and Muzzled – Marriage”, 1915

Käsebier é uma das minhas fotógrafas preferidas, não só pelo seu trabalho artístico, mas também pela sua coragem.
Esta norte-americana nasceu em Fort Des Moines em 1852, época em que as mulheres eram totalmente subjugadas aos seus maridos, mas Gertrude, contra todos os códigos sociais vigentes, dedica-se totalmente à notável profissão de fotógrafa artística.
Gertrude casou com Eduard Käsabier e teve três filhos: Frederick William (1875 -?) Gertrude Elizabeth (1878 -?) e Hermine Mathilde (1880 -?), mas, como ela escreveu mais tarde, foi infeliz durante a maior parte de seu casamento. Gertrude escreveu: "Se meu marido foi para o céu, eu quero ir para o inferno. Ele foi terrível ... Nunca fui suficientemente boa para ele." Numa época em que o divórcio era considerado escandaloso, os dois permaneceram casados durante 28 anos, mas viveram a maioria dos anos separados. Essa situação infeliz iria servir, mais tarde, de inspiração para uma de suas fotografias mais impressionante intitulada Yoked and Muzzled – Marriage (última fotografia). Apesar das diferenças, Eduard apoia-a financeiramente quando Gertrude começa a frequentar a Escola de Arte quando tinha já trinta e sete anos, idade em que a maioria das mulheres da sua época ja estavam conformadas com a sua posição social.
Käsabier estuda desenho e pintura, mas rapidamente torna-se obcecada por fotografia. Como muitos estudantes de arte da época, Gertrude decidiu viajar, em 1894, para a Europa para prosseguir os seus estudos. Passa um ano em França, estudando com o pintor norte-americano Frank Dumond.
Em 1895, volta para Brooklyn, em parte porque o marido estava muito doente e as finanças da família estavam tensas, decidindo-se tornar uma fotógrafa profissional. Um ano depois, torna-se assistente do fotógrafo retratista Samuel H. Lifshey, onde expande os conhecimentos de técnicas de impressão. É evidente, porém, que a essa altura já tinha um extenso domínio da fotografia. Apenas um ano depois, ela exibiu 150 fotografias, um número enorme de um artista individual naquele época, na Câmara de Boston . Essas mesmas fotos foram expostas em Fevereiro de 1897, no Pratt Institut.
O sucesso dessas exposições levou a outra no Photographic Society de Filadélfia, em 1897. Gertrude deu também palestras sobre o seu trabalho e encorajou outras mulheres a ver a fotografia como uma carreira, dizendo: "Eu sinceramente aconselho as mulheres de gostos artísticos para voltarem-se para o campo bruto da fotografia moderna. Parece ser especialmente adaptada a elas, e as poucas que têm entrado estão obtendo um sucesso gratificante e rentável."
Em 1902, Stieglitz convida Käsabier para fazer parte do grupo de membros fundadores da Photo-Secession, movimento que via a fotografia como uma expressão de arte. No ano seguinte, Stieglitz publicou seis das suas imagens na primeira edição da Camera Work. Em 1905, mais seis das suas imagens foram publicadas na Camera Work, e, no ano seguinte, Stieglitz inclui o seu trabalho na exposição (juntamente com Clarence H. White) sobre a Photo-Secession.
Eduard morre em 1910, deixando a sua esposa livre para perseguir livremente os seus sonhos. É neste ano que integra no projecto Women's Professional Photographers Association of America. É também neste ano que as relações entre Käsabier e Stielglitz começam a azedar e, em 1912, é o primeiro membro a pedir a demissão do Photo-Secession. Em 1916, Gertrude ajuda Clarence H. White a fundar o grupo Pictorial Photographers of America, acto que é visto por Stieglitz como um desafio directo à sua liderança artística.
Durante este tempo muitas jovens mulheres começam a procurar Gertrude quer pelo seu lado artístico da fotografia, quer como inspiração como uma mulher independente. Entre aquelas que foram inspirados por Gertrude foram Sipprell Clara, Consuelo Kanaga e Laura Gilpin.
Gertrude Käsabier morre no dia 12 de Outubro de 1934 na casa de sua filha, Hermione Turner.


De todo o espólio de Gertrude Käsabier, destaco esta fotografia. A primeira vez que a visualizei, o meu olhar ficou preso nas feições desta mulher, no rosto angelical , no vestido caído e no pequeno pormenor da caneca. É sem dúvida, uma fotografia perfeita e uma das minhas favoritas.





Miss N (Portrait of Evelyn Nesbit), 1903



Fonte: Lee Gallery; Wikipédia

8 comentários:

Adelina Silva disse...

Numa época em que o papel da mulher era muito reductor e quase pré-destinado à vida doméstica e alegrar os salões da vida social, Käsabier, a exemplo que outras ousou contariar.
Sugiro este video:
http://www.youtube.com/watch?v=4Uh0l-Qh6lQ

Abraço

Mr. Mojo Risin' disse...

MISS N....que fotografia...que fotografia...nao consigo deixar esta foto...uma perola!

Anónimo disse...

Gosto bastante das fotografias e agradeço o conhecimento que passou, desta fotógrafa que eu desconhecia.
Saudações

elsafer disse...

belíssima história de vida ... mulheres que fizeram ou ainda fazem a diferença , inspiradoras
;)

Dalva Nascimento disse...

Belo trabalho. Dá alegria só de olhar!

Bjs.

Spark disse...

Adoro este tipo de fotos. Notável!

Bj

Pri! disse...

Mew.. muito boa essa biografia, as fotografias não tem nem o que fala a Mulher era muito Boa!!
Ah! mas so pra corrigir ai..como foi uma duvida minha tbm e fui atras.. A foto "Sioux Indian", é do ano de 1898, e não 1839.. blz?!

Bom.. Adorei!!
bjs

A Respigadeira disse...

Pri,

muito obrigada pela visita e pela dica. Na pesquisa que efectuei, vi essa data. Mas, vou pesquisar!

Volta sempre.

Beijinhos

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