Purto Rucan Woman with beauty mark, 1965
Diane Arbus nasceu em Nova York no dia 14 de Março de 1923, no seio de uma família rica. Casou-se aos 18 anos com o fotógrafo de moda Allan Arbus, com quem aprendeu a fotografar, sendo sua assistente durante algum tempo. Arbus vivia num mundo de glamour, mas este estado era de constante inquietação.
Em 1959, separou-se do marido e aos 36 anos de idade, já inteiramente apaixonada por fotografia, tem aulas com Alexey Brodovitch, o criador da famosa revista Harper's Bazar, e com Richard Avedon. Começa a trabalhar com o fotojornalismo de moda para revistas como Harper’s Bazaar, The New York Times Magazine, Sunday Times e Esquire.
Porém, Arbus não se interessava pelo mundo fascinante com o qual já tinha convivido. No seu interior começou-se a definir o centro do seu interesse: Arbus gostava de fotografar pessoas ditas normais, desprovidas de qualquer luxo e sempre em preto e branco. Por esta altura, escolheu uma máquina Reflex de médio formato Rolleiflex com dupla objectiva, em detrimento das máquinas de 35 mm, que posicionava na altura do umbigo. Com a Rolleiflex teria “vistas largas”, mais resolução e o visor à altura da cintura proporcionava-lhe uma relação mais próxima com a pessoa fotografada. Arbus também utilizava o flash nas fotografias tiradas de dia. A utilização desta técnica, acrescentava força às imagens que escolhia retratar e a iluminação directa e crua não deixava margem a segundas interpretações; o seu objectivo era separar o essencial do acessório.
Nas suas fotos desconcertantes, Arbus queria mostrar ao mundo o que a América tentava esconder. Velhos, travestis, nudistas, prostitutas, anões, pessoas infelizes e com vidas tocantes, passaram a ser os seus modelos que, através das fotografias de Arbus, concediam depoimentos mudos. A proposta da fotógrafa, segundo suas próprias palavras, era registar coisas que ninguém conseguiria ou não queria ver.
A sensação perturbante e incómoda diante das fotografias de Arbus remete-nos para uma ambiguidade que oscila entre “desconhecido” e o “familiar”. Então, tudo que para nós é estranho é ao mesmo tempo familiar, ou seja, são duas faces da mesma moeda. Diante de uma fotografia de Arbus surge o primeiro impulso de afastar o olhar, “não queremos ver”, mas depois, incontrolavelmente, “queremos ver” no sentido pleno de “olhar”. Para Arbus um retrato é “um segredo sobre um segredo”. Quanto mais ele revela, menos sabemos, mais ficamos intrigados. Num certo sentido o retrato convida a uma opinião, pede uma reacção no nosso interior.
O inusitado e talentoso trabalho de Arbus chamava a atenção e trazia-lhe reconhecimento. Duas bolsas Guggenheim (1962 e 1966) permitiram-lhe desenvolver melhor um trabalho de autor, mostrado pela primeira vez num museu em 1967 (Colectiva New Documents Museum of Modern Art).
Uma de suas séries mais famosas retrata “Freaks”, pessoas com deficiências físicas que para sobreviver se expunham como atracções de circo. Arbus confessava a sua idiolatria por eles, explicando que “a maioria das pessoas passa a vida temendo uma experiência traumática. Os freeks nasceram banhados pelo trauma. Com isso passaram no teste da vida. São aristocratas.”
No final dos anos 60 produz Untitled, série na qual retrata velhos em asilos e doentes mentais internados em instituições. Untiled são retratos repletos de dor e miséria que chocam, seduzem e dignificam os seus modelos, tornou-se na assinatura da Arbus. Nesta série vemos a tragédia humana que nos chocam enquanto seduzem o mórbido que habita em cada ser humano. É desta época os perturbadores retratos com máscaras grotescas.
O seu trabalho extraordinário serviu de inspiração para vários artistas gráficos, plásticos e cineastas como David Lynch e Stanley Kubrick, que baseou-se numa famosa foto de Diane para criar suas sinistras gémeas de The Shining (1980).
Em 26 de Julho de 1971, no auge da sua carreira e reconhecimento, Diane Arbus suicida-se ingerindo barbitúricos e cortando os pulsos.
Em 1972 a Bienal de Veneza consagrou a artista expondo seus trabalhos. No mesmo ano, o catálogo da exposição retrospectiva, que o curador John Szarkowski concebeu, tornou-se num dos mais influentes livros de fotografia. Desde então, foi reimpresso 12 vezes e vendeu mais de 100 mil cópias. A exposição do MoMa viajou por todo o país e foi vista por 7 milhões de pessoas.
Em 2006, Steven Shainberg dirigiu o filme A Pele (Fur), baseado no livro An Imaginary Portrait of Diane Arbus, de Patricia Bosworth. A história incorpora livremente realidade e ficção, ao criar um romance entre Diane (Nicolle Kidmann) e um de seus estranhos modelos (Robert Downey Jr.), para justificar a mudança súbita ocorrida tanto na sua vida, como no seu trabalho.








5 comentários:
Fantásticas imagens, inspiradoras!
Bjs.
Bem... é realmente desconcertante... mas à parte disso as fotos são fenomenais!
O filme não conheço mas fiquei curiosa ;)
BJKa
Adorei...as imagens são absolutamente fabulosas!!!
Kiss Kiss
Realmente, quando vi a imagem das gémeas pensei logo no Shining.
Agora vou ter de alugar o filme...
O filme é muito bom.
Arbus, com raras exceções, fotografou exclusivamente pessoas. Seus modelos expunham-se sem reservas e ao mesmo tempo como mistérios únicos.
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