12.10.09

O mundo intrigante de Abelardo Morell

Umbrian Landscape in Empty Room, Umbertide, Italy, 2000

The Pantheon in the Hotel Des Grands Hommes, 1999

Brookline View in Brady's Room, 1992

My Eyeglasses, 1991

Light Bulb, 1991




Nascido em Cuba em 1948, e radicado nos Estados Unidos da América, Abelardo Morell é considerado um dos fotógrafos mais inovadores de um grupo de fotógrafos vanguardistas que nos anos 90 do século XX, revelou-se contra a noção da fotografia como uma actividade culturalmente controlada.

Em contraste com os artistas pós-modernistas que, na década de 80, procuravam criticar o papel da fotografia dentro da cultura moderna, Morell – juntamente com Ellen Carey, Susan Desges, Adam Fuss, David Goldes, Mike e Doug Starn – concentrou os esforços em redescobrir o senso elementar de admiração e surpresa que a visão fotográfica provocava nos seus inventores e no primeiro público.

A fotografia mais conhecida de Morell, Light Bulb (Lâmpada) de 1991, ilustra o enigma da fotografia de modo tão simples que induz a ironia. Uma lâmpada em frente de uma lente que brilha intensamente; a lente é fixada com fita adesiva a uma caixa de papelão que serve de câmara; uma imagem invertida da lâmpada aparece na parte de trás da caixa, onde esperaríamos encontrar o filme. Esta parábola remete-nos para a ideia da fotografia pinhole, onde Morell procura a transformação mais primitiva e mais notável da fotografia.

Nesse mesmo ano surge a série Câmara Obscura que foi inspirada por um desejo em demonstrar o princípio da câmara obscura (literalmente, um quarto escurecido) aos seus alunos da universidade onde leccionava. Porém, esta série foi também (grandemente) influenciada pelo seu filho Brady, cuja visão infantil levou Morell a revigorar o seu próprio olhar infantil e torná-lo objecto do seu trabalho fotográfico.

A capacidade de Morell de ver o mundo como novo e surpreendente evoca não somente a perspectiva de uma criança, mas também a de um completo estranho às tradições pictóricas do ocidente. As suas imagens transmitem a ideia de que o acto de representação é algo recentemente descoberto e levemente alheio, uma atitude que tem as suas raízes na própria existência da vida.

No século XXI, a fotografia já percorreu um grande e mutativo percurso. Devolver à fotografia o seu estado de inocência após a sua queda na alienação não é uma tarefa fácil, mas Morell sugere que é possível. Mais importante ainda, a sua obra demonstra que vale a pena fazê-lo.




5 comentários:

A Respigadeira disse...

João Domingues,

obrigada pelo desafio lançado! :-)

Claudio Versiani disse...

Oi Clara,
muito bacana a sua nota sobre Morell. Ele é um mestre!
Ab.

PSousa disse...

Lindíssimo!

Bj

A Respigadeira disse...

Claudio,

obrigada pela visita. Gostei muito de ler a entrevista a Abelardo no PictturaPixel. Acho que é um dos melhores sites de fotografia.

Beijinhos

Dark Night Walker disse...

Imagens bem psicadélicas... gostei :)
Beijinho

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